intervisao - Vila Viçosa

terça-feira, janeiro 02, 2007


O espaço europeu e a compreensão da realidade, do que o homem deve ser humanitariamente e na sua sustentabilidade.

Mais um ano passou, e os assuntos em agenda continuam praticamente idênticos do ponto de vista do caminho que a União Europeia tem seguido, se para vos ser realista e sincero, sinto-me feliz por compreender que pela primeira vez se está a fazer algo na Europa diferente de guerras e lutas com o único sentido de ser o maior e mais grande de entre os mais poderosos.
Mas penso que ainda deveremos perceber mais a função desta união e desta luta por uma Europa única e histórica, passando por uma atitude mais humana e colaboradora para o terceiro mundo, e o grupo dos países mais pobres. Não podemos esquecer que fomos nós os colonizadores, que de forma bem cruel e destrutiva deixamos marcas muito difíceis de recuperar na economia, que na minha opinião é destruidora de tudo o resto, ou não fosse a economia a base de uma democracia sustentável e saudável. Hoje sabemos que dependemos mais deste países do que alguma vez tínhamos pensado no assunto, mas que a história nos tem demonstrado ser uma realidade ao longo dos anos e séculos. São muitos desses países os possuidores das maiores reservas de crude e recursos naturais, que os países desenvolvidos necessitam. Mas ao contrario do que deveríamos estar a fazer, ajudando na construção destas economia, e ensinando o que de melhor poderíamos ensinar, ao contrario frustramos as suas iniciativas e as suas lutas por fazer mais e melhor.
Mas será que o homem conseguirá manter este ritmo de delapidação dos recursos naturais em metade do planeta, pensando que a forma como isto é feito não afecta minimamente os nossos países e sem que a nossa preocupação seja minimamente aceitável. Essa é sem duvidas a maior pergunta que poderemos fazer ás grandes potências do mundo entre as quais a nossa união europeia, que demonstra e sabe onde o caminho se encontra mas não tem autonomia suficiente entre os mais ricos para tomar o caminho de forma irreversível.
A união europeia tem construído o seu poderio, deixando de parte as economias que de forma mais competitiva, fabricam produtos e os colocam clandestinamente nos nossos países. Sabemos que de forma alguma poderemos permitir que países como a China, compita com as nossas empresas, quando o factor que lhes permite ser mais competitivos do que a Europa, é tão simplesmente a escravatura da sua mão de obra, abdicando-se de uma verdadeira sustentabilidade nos factores de construção e de transformação da industria, sem esquecer dos factores humanitários que este tipo de produção representam. Também é verdade que ao longo dos últimos anos nada temos feito para alterar esta situação, escondendo muitas vezes os olhos a situações que nada poderão ser aceites e com muita maior gravidade do que aquelas que durante anos vimos no Iraque e em muitos países árabes. Todos sabemos de que forma poderá o EUA, único responsável pelo conflito no Iraque, resolver a situação, pois uma abertura ao comercio livre com o Iraque e à não imposição de tarifas em relação aos produtos daquele país, assim como a um incentivo á localização de empresas norte americanas na zona, permitiriam que o conflito se altera-se evitando também uma guerra civil. Mas para isso deixariam de se servir os interesses maiores dos americanos, que passam pelo equilíbrio de forças tão exigido por Israel e por um aproveitamento das reservas petrolíferas da zona.
Também neste tipo de conflitos a União Europeia deverá mudar a sua atitude com uma maior influência e intervenção internacional. Hoje sabemos que o problema da emigração clandestina do norte de África para o sul europeu, principalmente Espanha, deve ser encarada de forma mais educativa e com resoluções efectivas, caso contrario continuarão a ser aos milhares, os que procurem neste ilusória Europa o seu futuro. Caso não tomemos um papel de intervenção produtora, com a intervenção nessas economias, através de apoios que nunca poderão ser monetários mas sim ao nível de acordos bilaterais, onde seja fomentado o emprego nessas economias, que por si possa criar riqueza à população e aos seus métodos de produção, continuaremos a ver gastos cada vez maiores com a repatriação dessas pessoas, ou então a sua integração no mundo europeu de forma marginal e criminosa, com consequências idênticas aquelas que temos deslumbrado no noticiários sobre França e evidentemente com custos sociais e monetários para a nossa UE.
Teremos que ter um intervenção mais humanista e colaboradora, acentuando a melhor formação que poderemos dar aos jovens desses países através de acordos, que a médio prazo terão a vantagem de sermos nós a formar os futuros lideres de países que tem tudo para serem super potências do mundo. Hoje sabemos que um dos maiores problemas que ao longo dos anos os países de terceiro mundo tem tido, passa pela corrupção dos seus lideres, que aproveitam o empobrecimento de suas populações para fazer que o património destes países, passem a fazer parte dos seus próprios patrimónios.
Crescer de forma sustentável deverá também ser outra das prioridades, com inovação e muita perícia económica. Hoje sabemos que o petróleo, o carvão entre outras fontes de energia, são limitadas e cada vez assumem preços mais caros, principalmente na Europa, onde o recurso a essas fontes de energia é dependente do exterior dada a inexistência de reservas suficientes para os 27 países que agora forma a nossa união europeia. Será importante fomentar energias renováveis, que neste momento são uma realidade, mais que não seja para consumo particular, pois desta forma não só reduziríamos os custos que os 500.000 de habitantes tem com energias como fomentaríamos a uma maior capacidade de poupança, pois a factura em combustíveis e energia seria muito mais reduzido. É também verdade que os interesses das maiores empresas energéticas e petrolíferas da nossa Europa seriam colocados em causa, mas não é menos verdade que a exploração dessas novas energias teria que ser feito por privados e não pelos estados, pelo que devem encarar este mercado e esta reestruturação das principais fontes energéticas, não como um problema, mas sim como uma maior fonte de rentabilização dos seus investimentos.
È também sabido que os custos ao nível do planeta, com o aquecimento global, nos toca cada vez com maior realidade, basta ver de que forma as alterações climáticas até ao momento, e de forma muito pouco drástica tem causado a certas economias mundiais. Imaginem agora o que vai suceder daqui a 10 anos se nada for alterado. Catástrofes nunca antes vistas, dizem os científicos à escala global.
Temos por isso o início do caminho feito, mas muito mais falta fazer. Para além de pontos como a constituição europeia, deveremos pressionar os nossos líderes a compreender melhor o mundo como ele é e como está.
Deveremos encarar este assunto cada vez com maior importância e pensando sempre que aquilo que semearmos hoje, será o que iremos colher mais tarde.

Mas o meu desafio vai para além de meras palavras, digam o que pensam sobre a união europeia e o seu caminho nos próximos 50 anos? Comentem e demonstrem que somos tão preocupados como o resto do mundo. O intervisão convida-vos a fazerem deste tem uma opinião de consciência de cada um de vós.

Jorge M. Ferreira (economista calipolense)