intervisao - Vila Viçosa

domingo, dezembro 28, 2008

2009 vs Estagnação vs Deflação vs Recessão

Entramos em 2007 na maior crise de sempre, em relação ao mundo moderno e tecnológico. A era que se iniciou posteriormente à 2º grande guerra, levou o mundo ao consumismo, ao continuo crescimento económico dos países do hemisfério Norte e a uma situação de modernização e avanços tecnológicos constante. Mas não soubemos avaliar a sustentabilidade deste sistema, deixando-se muitas vezes que a mão invisível da própria regulamentação do mercado caminhasse para o seu próprio destino, se que para tal se fossem corrigindo algumas lacunas que o sistema constantemente ia demonstrando. O equilíbrio de um sistema que assenta o seu principal pilar de desenvolvimento no continuo jogo de ganhar mais e produzir mais, permitindo desta forma que os detentores de capital cada vez mais detenham maior rentabilidade dos seus financiamentos, e desta forma possam reinvestir novamente esse mesmo factor que é o capital, levou à insustentabilidade do sistema.
Vejamos do ponto de vista de um utilizador de capital, que necessita desse mesmo factor, para alem de outros, para poder colocar na prática a sua ideia. No momento inicial para que o investimento e um projecto possa suceder, o dono da ideia tem antes de mais que desenvolver a ideia e vende-la aos chamados investidores, homens de dinheiro, nessa situação o mais importante é a originalidade e sustentabilidade do projecto. Sendo ele cativante de investidores e seus capitais, então será necessário passar às previsões e compromissos, em que o proprietário do projecto, através de contrato de empréstimo, de contratos da criação de uma sociedade ou empresa, se compromete junto dos seus financiadores ou accionistas a lhes devolver um X retorno do capital investido, como o risco inicial era elevado só um valor bem acima do mercado seria interessante para os investidores, caso contrário com um retorno igual ao do mercado a aposta seria em aplicações financeiras existentes nos Bancos (imaginemos que o retorno aos investidores fixado pelo projectista era de 10%). Anos mais tarde, o mercado do país, ou zona económica ou ao nível global, onde a referida empresa (projecto) se inserem, tem um crescimento num período de 5 anos que ronda os 3%, por exemplo, mercado esse onde este como outros produtos se negoceiam diariamente com muitos mais produtos de idêntica utilidade à disposição dos consumidores, e onde a rentabilidade do nosso projecto tem que ser superior a 10% para poder continuar a sobreviver. O que acontece na prática é que um mercado seja ele qual for, tende para o equilíbrio, sem nunca lá chegar é verdade, mas aproximando-se sempre para um ponto de equilíbrio, que neste caso, com aumento da concorrência e com diminuição de preços devido à concorrência (recordemos os spread´s que os bancos cobravam à alguns anos atrás, ou o valor de um computador à 10 anos atrás, talvez o mesmo comece a suceder em relação ao mercado automóvel, ao mercado das energias etc…) leva a que o retorno do capital sustentavelmente e sem fugir ao caminho traçado inicialmente na altura da elaboração do projecto, ao nível da finalidade a alcançar, levam a que o mercado por si só leve a uma aproximação do retorno que o mercado tem. Logo a saída dos parâmetros iniciais provoca um investimento mais arrojado, uma constante inovação que muitas vezes tem dificuldades em ser digerida pelos consumidores e um abismo entre o sustentável e o apenas imaginativo. Por outro lado, a promessa de retornos acima do mercado provoca constantemente que o projectista tenha que ir ao mercado procurar mais investidores de modo a alavancar o seu investimento, permitindo que se continue a sonhar com um retorno acima do mercado, para alem do facto de que o mercado terá sempre que caminhar para o seu equilíbrio, não por definição mas apenas pelo facto de que o mercado é a conjugação de ideias que no seu conjunto tendem a ter padrões, que dificultam a constante saída deles e sua contrariedade.
Com este exemplo percebemos que o mercado está neste momento a efectuar um movimento de correcção que dificilmente poderá ser contrariado enquanto não terminar, mas que tal só sucederá posteriormente à queda de tudo aquilo que está a mais no mercado, imaginem uma rua em Lisboa em que existem mais de 100 carros, e todos eles de marcas diferentes e de diferentes modelos, mas captem agora o facto de que nessa rua só deverão morar 3 tipos de classes sociais, (baixa, média e alta).
Será que o mercado notará diferença se existirem apenas metades dessas marcas e modelos? E não será verdade que a tendência para um idêntico padrão entre cada uma das classes deverá suceder? E o capital quando ele faltar entre classes, não deverão optar por padrões idênticos aos do mercado?Esperemos por isso um ano muito diferente dos anteriores, em que a deflação dos preços e a estagnação dos mercados que permitiram retornos acima da média, irão ditar o fim do imperialismo democrático e tecnológico tal como o conhecemos.