intervisao - Vila Viçosa

domingo, março 19, 2006

Os subsídios para a agricultura em Portugal chegam ao fim em 2007… e agora?

Portugal foi dentro da união europeia, o país com uma maior ajuda ao nível de apoios na agricultura. Estes que sempre se enquadraram numa dinâmica de melhoramento e reestruturação da maquinaria e das condições existentes, de forma a tornar as nossas produções tão competitiva quanto as da união europeia e posteriormente quanto as do resto do mundo. Não foram desta forma compreendidas pelos nossos agricultores.
Os primeiros a comprarem os jipes novos forma os portugueses, enquanto que os espanhóis e franceses compravam tractores adequados ás suas produções, ou mecanismos de rega para combaterem os grandes picos de calor que as nossas regiões tem. Um investimento inicial que lhes permitiu hoje, comprarem os jipes que os portugueses compraram em 1990, mas que hoje estão velhos. Neste momento os nossos agricultores ainda necessitam de reestruturar as suas máquinas e os seus processos de rega, enquanto que os espanhóis têm um nível de modernização no seu processo produtivo importante, e comprar agora os seus primeiros jipes que nem são novos.
Portugal necessita de agricultores modernos que a médio prazo recuperem o que durante anos se perdeu. A produção em pequenos hectares e os seus elevados custos por unidade, ou mesmo a utilização de subsídios por parte desses pequenos agricultores, não permite também que a modernização em certos sectores se faça.
Mas a situação começa a preocupar o mundo económico em Portugal, principalmente desde que o aumento da união europeia se deu, para países que ao nível agrícola estão mais atrasados que nós. Todos sabemos que o fim dos subsídios é uma realidade, pelo menos ao nível da ajuda para produzir. Eles podem manter-se na pós-produção, como incentivo de venda no mercado mas só isso.
Desta forma não sei como será a médio prazo a nossa agricultura, ou até sei e tenho algum receio em falar disso em voz alta. Quando esta semana ouvi o Primeiro-ministro a falar no Alqueva da solução para o Alentejo passar unicamente pelo turismo, não acreditando que a agricultura continue a ter a importância que ainda hoje tem, ou melhor que os alentejanos pensam ter é preocupante. Nesse caso, sabemos que é uma verdade. Neste momento um dos sectores que cada vez mais é uma aposta nos agricultores, mas que não acredito que vá dar resultados diferentes dos de aumentar exageradamente o mercado, baixando o preço a um nível sem rentabilidade para produções menores a 4 hectares, é a vinha destinada á produção de vinho do Alentejo. Analisem só o valor do preço da garrafa de vinho, em comparação ao preço de á 6 anos atrás.
Meus senhores, o momento é de reflexão, eu acredito que os grandes agricultores, e principalmente aqueles que estudam ao pormenor, preço-custo, consigam sair em frente, mas os outros… tenho muitas certezas que não.

JF