intervisao - Vila Viçosa

quarta-feira, novembro 01, 2006


Economia portuguesa com problemas estruturantes.

Mais uma vez o orçamento de estado demonstra que a crise veio para ficar durante toda esta década. Com cortes nas despesas de quase todos os ministérios e uma profunda reforma nos direitos dos trabalhadores da função pública, se tenta melhorar e recuperar o bolso do estado português.
Hoje sabemos o monstro que tanto falou Cavaco Silva em 1998 sempre existia. Por outro lado neste momento a dificuldade nos cortes e a redução da capacidade e necessidade de endividamento não só é um problema imediato como a médio prazo parece ser a ”morte do artista”. Sabemos que existem mais de 150.000 funcionários públicos a mais, mas que a médio prazo deverão reduzir-se cerca de 90.000, contas feitas pelo governo. A necessidade na mobilidade e mais tarde na privatização de muitos serviços não só vai no sentido de redução de custos mas também na necessidade de melhorar serviços, que administrados pelo estado não são nem de longe efectivos e produtivos.
Por outro lado verificamos que aposta nas novas tecnologias, não passa necessariamente pela via do serviço educativo e necessariamente o universo das universidades, que vêm desta forma reduzidos os seus apoios e orçamentos do estado. Esta situação irá numa primeira medida, criar mais interessante a inovação e iniciativa privada de pequenos empresários. Por outro lado a redução do orçamento para as universidades irá claramente provocar o aumento das propinas e dos custos que o consumidor final passará a ter, isto é, o estudante. Hoje certamente veremos os custos de uma licenciatura aumentarem, se bem que o tratado de Bolonha, com a possibilidade de seguir directamente para mestrado já iria de uma forma bem clara provocar o aumento das receitas das universidades. Mas talvez a intenção de aumentar o número de licenciados em Portugal, acabe por ter resultados nada animadores daqui a 10 anos quando analisarmos os resultados destas medidas. Pois a cada vez menor capacidade financeira dos portugueses leva a que o acesso ao ensino superior se faça cada vez mais nas classes mais habilitadas financeiramente.
Em relação aos municípios, continuo a acreditar que não são os únicos culpados da situação das contas públicas, tal como o governo tenta passar. Hoje sabemos que a redução do endividamento é uma necessidade, não só pela dificuldade de controlo das despesas assim como na necessidade de um maior controlo da maquina do estado que esta desagregada do controlo directo do estado. É evidente que muitas vezes os períodos eleitorais e principalmente os 2 últimos anos de cada mandato, provoca por vezes um aumento das despesas do que o do normal, mas também é verdade que sem os municípios o numero de desempregados seria muito maior, assim como a manutenção das escolas e de muito do património do estado seria difícil de ser uma realidade se não fossem os municípios. Dai que o seu papel e respeito pelo que fazem devem ser uma constante realidade.
Por ultimo e tendo como base algumas previsões que fiz num dos meus últimos artigos, penso que a economia portuguesa vai crescer acima das expectativas, não só com base na redução dos custos do petróleo, assim como o melhor aproveitamento das possibilidades que um mercado único cada vez maior, trará não só ao sector bancário como aos restantes sectores em que temos vantagens sectoriais muito claras. Por outro lado a maioria que o estado possui neste momento permite efectuar reformas bem direccionadas e de melhor efectividade que o ano em curso. Quando nos mudamos para uma casa, só saberemos os seus verdadeiros problemas depois de lá estarmos dentro, assim como os remédios e reformas a seguir só serão as correctas passado algum tempo de estudarmos o problema.
Para muitos este meu cartão verde ao estado poderá parecer estranho, no entanto quando vejo tantas classes sociais na rua, e as quais muitas delas sabemos que possuem verdadeiras regalias, percebo que estão a ir não só ao bolso dos mais desfavorecidos como ao de todos os outros.
Por outro lado e de forma mais macroeconómica, acredito que as exportações para 2007 serão melhores, em cerca de 1 p.p, previsão bem diferente da que o governo faz. Por outro lado, as alterações nas politicas do EUA, assim como as previsões que faço de uma estabilização da evolução das taxas de juro e uma estagnação da subida da inflação, (que em muito terá na estagnação do preço do petróleo como principal causa) serão os principais motivos que me levam a este pensamento e previsões.

Teremos um bom ano económico em Portugal e resto Europeu.

Jorge Ferreira

“Os impostos é o que temos de pagar por uma sociedade civilizada”
Juiz Oliver Wendell Holmes